segunda-feira, 28 de julho de 2008

Sonhos

Suicídio

"Tinha uma festa na casa de algum parente,

e não poderia acontecer nada pior depois de um dia exaustivo.
Ao menos era o que eu pensava..."






Já estava tarde, por volta das nove horas e quarenta e oito minutos daquela terça-feira... A lua cheia dava um certo ar tenebroso na rua, mas eu tinha que subir aquela ladeira.
Tudo normal, até uma menininha aparentemente perdida aparecer em direção contrária a minha.

"- Deve ter quatro anos no máximo... que pais idiotas ela deve ter.... tenho que ajudá-la."

"- Hey! Menina... cadê seus pais?"

A face dela não aparentava desespero, estava normal... com brilhos nos olhos, parecia pensar em bonecas...

"- Meus pais? Ah... meu pai morreu há muito tempo."

Tentei desfarçar o espanto e enfrentei aquilo como algo perfeitamente normal. Mais normal ainda vindo de uma criança, tão direto como uma faca que deseja matar...

"Morreu... uhn... e a sua mãe? Cadê?"

"Minha mãe acabou de escorregar sem querer da janela... Engraçado, meu pai morreu de olhos fechados e com a cabeça pra baixo, e a minha mãe morreu com os olhos abertos e a cabeça pra cima..."

Confesso ter engolido a seco aquela informação. Ofereci minha mão e a levei comigo.

Ao chegar na porta do prédio de fato tinha um mulher dentro de uma poça de sangue com os olhos abertos, como se olhasse pro céu pedindo alguma coisa. O fato foi que a mulher num surto psicótico ia jogar a filha e se matar depois, mas sabe-se lá porquê ela abriu a porta de casa pra filha sair e se jogou do décimo segundo andar...

A menina ao meu lado? Bem, ela continuou como estava. Normal.

E eu, acordei.

1 comentários:

Rodrigues, K. disse...

E não é que ela é uma ótima escritora de contos. Altas funções hein.

Profundo texto.

Beijos.